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Vale a pena investir em programas de estágio?

Por: Lilian Alves Mautone, LocHouse Translation & DTP

 

Estou há 25 anos no mercado de tradução e as pessoas continuam reclamando da mesma coisa: faltam recursos humanos. Sempre que eu escuto essa reclamação, sugiro:

 

Invista em estágio.”

 

E a resposta costuma ser a mesma:

 

Não dá, não temos tempo para treinar ninguém.”

 

Você já ouviu algo parecido com isso?

Ou já deu essa resposta?

Será que é tão difícil assim mesmo?

 

A verdade é que as universidades, em geral, formam poucos tradutores e tradutoras. A maioria vem de cursos de Letras, Comunicação Social e uma pequena parcela vem dos cursos de tradução que muitas vezes são mais teóricos do que práticos, sem acesso às ferramentas e processos adotados no mercado de localização de software (cheio de especificidades).

 

É por isso que nós aqui na LocHouse valorizamos muito nosso programa de estágio. Eu concordo que não é fácil, mas, acredite, isso pode fazer a diferença para sua empresa e para a indústria linguística como um todo.

 

Quer saber como? Conheça a história de sucesso da LocHouse!

 

Start: os primeiros passos

 

Quando abrimos nossas portas há 15 anos, a pequena equipe da LocHouse já tinha uma estagiária. E, desde então, este número só aumenta, já que sempre que podemos chamamos mais estudantes que, em geral, estão no 5º ou 6º períodos de Letras, com habilitação em Língua Inglesa.

As pessoas costumam dizer que o começo é sempre mais difícil (e talvez aquela primeira estagiária realmente tenha ficado sem algumas senhas de acesso às ferramentas em algum momento *risos*), mas o aprendizado sempre foi tão rico, tanto para a empresa quanto para as pessoas que vieram aprender com a gente, que gostamos de definir os nossos primeiros passos no mundo dos estágios como “instigantes”.

    

 

Pause: reflexões sobre as pedras no caminho

 

Como as estagiárias e os estagiários geralmente estão em sua primeira experiência profissional, é comum designar alguém com mais experiência para mostrar a essas pessoas como a empresa e os processos funcionam.

Mas isso nem sempre é uma tarefa fácil. É como as pessoas costumam responder: “falta tempo para treinamento”.

Realmente, se as pessoas vivem com os dias lotados de tarefas, ter que lidar com os novos colegas pode se tornar uma sobrecarga indesejada. Além disso, nem sempre tínhamos uma única pessoa responsável por essa acolhida. Ou seja, a cada nova pessoa que chegava na LocHouse, o que era ensinado podia variar de acordo com os conhecimentos específicos do mentor ou mentora disponível.

Com poucas pessoas é mais fácil driblar todos esses obstáculos. Mas, conforme a empresa foi crescendo e nosso quadro de colaboradores foi aumentando, percebemos que precisávamos criar um programa de estágio mais intuitivo e padronizado.

            Antes de tudo, fizemos reuniões semanais com a equipe para entender todas as lacunas do estágio até então. Estas foram as pedras que vimos no caminho:

 

  • Nem sempre o funcionário escolhido como mentor está com tempo sobrando, causando sobrecarga, o que faz com que a mentoria vire um problema.
  • Quando o mentor realmente não consegue o tempo necessário para a orientação, o estagiário fica ocioso.
  • O programa não tem um modelo padronizado, mudando o conteúdo e a eficiência de acordo com quem é o mentor alocado.
  • Falta um processo com objetivos claros e acompanhamento do aprendizado.
  • São formados menos estagiários do que o necessário para suprir a demanda, devido à falta de um programa mais eficiente.

 

Forward: mão na massa!

Depois que a gente entendeu bem o problema, foi fácil encontrar a solução: criar uma base de conhecimento que abordasse de forma completa todos os assuntos e tópicos imprescindíveis para a ambientação e formação de todos os futuros participantes do nosso estágio. No final, ficou assim:

 

 

Cada um aqui na LocHouse (incluindo até mesmo os estagiários da época) ficou responsável por um ou mais tópicos e desenvolveu o conteúdo, inclusive apontando para vídeos na internet e materiais externos também. Foi um trabalho feito com muitas mãos e temos orgulho disso.

Outro passo importante foi definir uma plataforma tecnológica que concentrasse todo o conhecimento. As opções avaliadas foram desde a implantação de Intranets, passando por portais de e-learning, plataformas de educação à distância ou simples arquivos do Word no servidor da empresa. A implantação de intranets e portais de e-learning traria uma estrutura muito abrangente e robusta para o projeto de reestruturação do programa de estágio da LocHouse, mas o custo era alto para a empresa. O simples armazenamento de arquivos do Word, de forma estruturada e padronizada, seria uma solução fácil e barata de implantar, mas não ofereceria um ambiente interessante e envolvente, como o desejado. A opção escolhida pela empresa foi o HTML help. Com isso, reduzimos a necessidade de suporte presencial.

 

Forward x8: ao infinito... e além!

Mas então agora o estagiário fica ali sentado lendo no cantinho? Claro que não!

O contato com outros colaboradores é fundamental, mas agora nossa equipe de especialistas linguísticos pode concentrar seus esforços nas dúvidas e nos feedbacks. Aqui na LocHouse, o estagiário recebe feedback de todos os trabalhos feitos: pode ser um e-mail cheio de dicas, o texto revisado com marcações de revisão ou uma orientação ao vivo.

Também são feitas reuniões periódicas, que aqui na LocHouse se chamam FQETE (fala que eu te escuto :-D). E temos uma lista de ferramentas e de processos no Trello para acompanhar o aprendizado. O objetivo é garantir que todos conheçam as ferramentas mais usadas na nossa indústria e participem de diversas etapas do processo de localização.

Em média, o ciclo de estágio aqui na Loc leva de 1 ano e meio a 2 anos e já passaram mais de 40 estagiários por aqui nesses 15 anos. Muitos são nossos colegas, amigos e colaboradores até hoje.

Uma das missões da empresa é justamente esta: formar novos tradutores que entendam o mercado de localização e suas demandas. Assim como os estagiários, aprendemos todo dia com o nosso programa de estágio. E estamos sempre buscando aprimorá-lo.

Então, se me perguntarem se vale a pena investir em programas de estágio, respondo sem medo: VALE MUITO!

Formada em Letras pela UERJ, com curso de extensão na Universidade da Califórnia, MBA da Fundação Getulio Vargas e mais de 20 anos de experiência no mercado, Lilian Mautone é reconhecida por sua experiência no desenvolvimento de processos de qualidade na tradução. Trabalhou nas mais conceituadas empresas do setor, como a Bowne Global Solutions e a Lionbridge Technologies, nas quais atuou nos departamentos de tradução, CAT (Computer Aided Translation) e gerenciamento de projetos. Qualidades como excelente organização, profissionalismo, criatividade e total dedicação aos projetos sempre foram destaque em sua carreira. Na LocHouse, além de ser uma das responsáveis pela tradução, Lilian gerencia o controle de qualidade e o atendimento aos clientes. Como já exerceu diversas atividades na indústria de Localização, ela sabe o que é preciso para garantir um trabalho de qualidade do princípio ao fim.